Você sabe como é feita, de forma artesanal, a farinha de mandioca? Ah, é uma dança entre a terra e o tempo, um ritual que encanta e exige devoção. O processo começa com a enxada ou o arado, cortando a terra como um artista talhando sua obra-prima. A força das mãos se une ao suor da esperança, enquanto a maniva se aninha na terra, esperando pacientemente para brotar.
E então, vem a carpina, que é quase uma oração para que a mandioca cresça saudável, livre das ervas daninhas que querem sussurrar desânimo. O tempo passa, e com ele vem a promessa de um ano. Um ciclo que se desenrola sob o olhar atento das estações, onde cada dia traz consigo um legado de dedicação e cuidado.
A colheita é feita com reverência. Arranca-se a raiz do chão, como se retirasse um segredo guardado embaixo da superfície. E ao transportá-la para a casa de farinha, um mundo de possibilidades se abre. A raiz, então, se transforma. Raspa-se, rala-se, e o produto da terra se torna em poética textura, enquanto a prensa aperta, extrai o que há de melhor.
No forno, a mandioca se renova, torrando-se com zelo, mexendo com habilidade. O aroma se espalha, enche o ar com promessas de sabor, de história, de tradição. E assim, do esforço rústico e da paciência infinita, surge o beiju e a farinha, alimento que carrega em si a essência de um povo, de uma cultura, de uma arte que nunca se esquece.
Pois fazer farinha de mandioca é mais que um simples processo; é resgatar o passado, celebrar o presente e oferecer ao futuro uma rica herança que alimenta a alma e une corações. É a dança da vida, enraizada na terra, cultivada com amor, moldada pelas mãos de homens e mulheres.
(Imagem retirada da internet)