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70 ANOS DEPOIS: O ECO DAS PÁGINAS DO “NOSSA TERRA”

Em 8 de agosto de 1954, Cruz das Almas despertou para uma nova era. Foi lançado o primeiro número de O Jornal Nossa Terra, um semanário que, mais do que simples folhas impressas, trazia consigo o pulsar de uma cidade ávida por se expressar. À frente deste empreendimento, um nome que ecoaria pela história: Verdival Pitanga, o visionário que viu nas palavras uma ferramenta de transformação.

Com a redação situada na rua do Jenipapo, hoje conhecida como J.B. da Fonseca, Nossa Terra rapidamente se tornou mais do que um jornal. Foi uma voz, um espelho da cultura cruzalmense, refletindo as inquietudes, as alegrias e as esperanças de uma comunidade que, até então, carecia de um veículo que captasse sua essência. O papel de Verdival Pitanga não se limitou à edição e direção do semanário; ele foi o maestro que regia um coro de talentos, reunindo escritores, poetas e cronistas que, através de suas palavras, ajudaram a desenhar a identidade cultural da cidade.

Mário Pinto da Cunha, Clodoaldo Costa, Bartolomeu Queiroz, Nelson Magalhães, Zeca Ferreira, João Gustavo da Silva, Galeno D’Avelírio, Floriano Mendonça… Nomes que, ao lado de tantos outros, deram vida às páginas do jornal, transformando-as em um espaço onde a literatura local floresceu. Cada edição dominical de Nossa Terra era aguardada com expectativa, pois trazia em suas colunas o retrato vivo de Cruz das Almas, capturado pelos olhares sensíveis desses cronistas.

A influência de Nossa Terra na cultura local foi profunda e duradoura. Não apenas por destacar novos talentos, mas por criar um cenário onde a palavra escrita se tornou um veículo de mudança e reflexão. Através dele, Cruz das Almas se viu, pela primeira vez, retratada com tamanha fidelidade, suas histórias narradas com poesia, suas lutas debatidas com ardor.

Hoje, ao revisitarmos a história de O Jornal Nossa Terra, somos lembrados da importância de preservar e valorizar as vozes que constroem nossa identidade. O legado deixado por Verdival Pitanga e pelos escritores que contribuíram para o jornal continua a ressoar, como um eco que jamais se apaga. Suas páginas, embora amareladas pelo tempo, ainda vibram com a vida que nelas foi impressa, recordando-nos que a cultura de um povo é seu maior tesouro.

Assim, na memória cruzalmense, Nossa Terra permanece como um marco, um testemunho do poder da palavra em unir, transformar e eternizar os momentos que definem quem somos. Que este legado inspire as futuras gerações a continuar escrevendo a história de nossa terra, com a mesma paixão e compromisso daqueles que vieram antes de nós.

Edisandro Barbosa Bingre

Edisandro Barbosa Bingre é professor, escritor, cerimonialista e pesquisador memorialista de Cruz das Almas. Ele é membro da Academia Cruzalmense de Letras e destaca-se por seu trabalho com o "Almanaque Cruzalmense", onde documenta e preserva a história e a memória cultural da cidade. Bingre é reconhecido por suas contribuições literárias e históricas, trazendo à tona fatos importantes e curiosidades sobre a região, além de ser uma figura ativa na comunidade intelectual de Cruz das Almas​. No ano de 2020 recebeu o Título de Cidadão Cruzalmense outorgado pela Câmara de Vereadores de Cruz das Almas.

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Um Comentário

  1. Parabéns, Almanaque, por trazer-nos mais essa preciosidade que fez a nossa história, e continua ressoando, ensinando aos jovens que buscam conhecer, fortalecendo nossas crenças literárias. Viva a palavra viva!

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