A TRAJETÓRIA POLÍTICA E ADMINISTRATIVA DE CRUZ DAS ALMAS
DO IMPÉRIO ATÉ 1958, SEGUNDO MÁRIO PINTO DA CUNHA
Em um dos poucos anais da história de Cruz das Almas, o renomado escritor memorialista Mário Pinto da Cunha, em sua obra “A História de Cruz das Almas” publicada em 1959, registra a trajetória político-administrativa do município, desde o Império até o ano de 1958, com riqueza de detalhes e uma narrativa que reflete a essência da época.
No Império e nos primeiros anos da República, Cruz das Almas era um palco de disputas acirradas entre dois partidos: o Liberal e o Conservador, mais tarde conhecidos como o do Governo e o da Oposição. De um lado, estavam os Passos, e do outro, o Coronel Trajano Andrade. Este último desfrutou de uma década de predominância, até ser suplantado pelo Cel. Manoel Caetano da Rocha Passos, cuja liderança política marcou profundamente a cidade.
De acordo com Mário Pinto da Cunha, a Revolução de 1930 encontrou o Dr. Luiz Eloy Passos como o último intendente eleito na chamada República Velha. Em 23 de novembro de 1930, ele passou o cargo para Crisógno José Fernandes, que se tornou o primeiro prefeito nomeado na República Nova. Algum tempo depois, o Dr. Luiz Eloy reassumiu a prefeitura, sendo confirmado no cargo após as eleições de 1934 – as primeiras com voto secreto após a Revolução. Durante seu mandato, Cruz das Almas viu grandes avanços, como a instalação da luz elétrica, a construção do hospital e do moderno matadouro municipal.
Mesmo com a implantação da ditadura em 1937, o Dr. Luiz Eloy permaneceu no cargo até outubro de 1944, quando pediu exoneração e foi substituído pelo Dr. Edmundo Pereira Leite. Este último governou por poucos meses antes de também se exonerar, sendo sucedido por José de Carvalho Rocha e, posteriormente, pelo Dr. Geraldo Carlos Pereira Pinto.
Em 1947, Milton Ernestino Silva foi nomeado prefeito e governou até 5 de fevereiro de 1948, quando, após as eleições de dezembro de 1947, o Dr. Ramiro Eloy Passos, candidato da UDN, assumiu o poder. Seu governo durou até 31 de dezembro de 1951, sendo sucedido pelo vitorioso nas eleições de 1950, Jorge Guerra, da coligação PSD-PTB, que governou até a renúncia em 10 de abril de 1955.
Em 1954, o Dr. Ramiro Eloy Passos foi reeleito e tomou posse a 10 de abril de 1955 para um novo mandato de quatro anos. Em 1958, ele ainda ocupava a prefeitura, consolidando-se como uma figura central na política de Cruz das Almas.
Assim, esta narrativa de Mário Pinto da Cunha não só preserva fatos históricos, mas também nos transporta para uma época em que as disputas políticas moldavam o futuro do município, destacando a importância dos líderes que, com suas visões e ações, transformaram Cruz das Almas ao longo dos anos.
