MEMÓRIA AFETIVA DO SÃO JOÃO DE CRUZ DAS ALMAS
No São João de Cruz das Almas, onde e quando se celebra com a alma e o vigor de suas raízes, um nome se destaca nas memórias afetivas das décadas de 50, 60 e 70: Jotinha. Figura ímpar e cativante, sua presença era sinônimo de alegria e tradição. Com um sorriso sempre presente nos lábios, Jotinha era um brincalhão nato, aquele tipo de pessoa que transformava qualquer situação em uma oportunidade para a diversão.
Nos dias de São João, as ruas da cidade se enchiam de vida e cor, e Jotinha era a alma dessas celebrações. Embora não participasse diretamente nas guerras de espada – uma tradição corajosa e perigosa de Cruz das Almas –, sua bravura se manifestava de outra maneira. Ele liderava um grupo especial que, guiado pela melodia de sua sanfona, visitava as residências, levando música e alegria a todos.
Este grupo, uma verdadeira tropa de folião, era conhecido pela energia e pela capacidade de espalhar felicidade por onde passava. Com Jotinha à frente, tocando sua sanfona com maestria, as noites de São João eram preenchidas por um som inconfundível, que ecoava pelas ruas e aquecia os corações dos moradores. Essa tradição se renovou ao longo dos anos e, mesmo após a partida de Jotinha, continua viva, agora sob a liderança de seu filho, Keuder Magalhães Silva. O grupo, agora batizado de “Panela de Barro”, mantém a chama da tradição acesa, perpetuando o legado deixado por Jotinha.
Outros nomes que não podem ser esquecidos nas memórias sanjoaninas de Cruz das Almas são o de Deguinha e o de Zé da Sanfona. Sanfoneiros de talento incontestável, cuja música criava uma trilha sonora única para o São João, uma sinfonia de risos, notas e passos de dança que ressoa até hoje na lembrança dos mais antigos e inspira as novas gerações.
Assim, Jotinha não foi apenas uma figura marcante; ele fez parte do coração pulsante do São João de Cruz das Almas. Sua coragem não estava nas espadas, mas na capacidade de enfrentar a vida com um sorriso e na disposição de alegrar os outros com sua música. Hoje, seu legado continua a iluminar as noites de São João, renovado na “Panela de Barro” e na memória de todos que tiveram o privilégio de testemunhar a sua alegria contagiante.