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170 ANOS DA FERROVIA NO BRASIL

Em 30 de abril foi comemorado o Dia do Ferroviário. E a escolha da data está ligada a um importante momento histórico brasileiro: completados 170 anos da Ferrovia no Brasil.

Sim, na mesma data, em 1854, a locomotiva “Baroneza” inaugurou a primeira ferrovia brasileira, ligando Guia de Pacobaíba, em Porto Mauá, a Fragoso, em Magé, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. A locomotiva possuía sete metros e meio de comprimento, 2,5 metros de largura e 3,40 de altura, pesando cerca de 17 toneladas. Possuía duas chaminés, um farol e dois estribos.

A viagem inaugural, que teve um percurso de 14,5 km e contou com a presença do Imperador Dom Pedro II, representou o início de uma jornada que ajudaria a moldar o Brasil.

Inspirado por suas viagens à Europa, onde presenciou o desenvolvimento das ferrovias, Irineu Evangelista de Sousa, um importante industrial, banqueiro e político brasileiro – o Barão de Mauá, idealizou uma linha férrea que, inicialmente, transportaria a Família Imperial ao clima ameno de Petrópolis. A malha ferroviária rapidamente se expandiu, principalmente no Sudeste, para facilitar o escoamento da produção cafeeira da Região Serrana fluminense para o Porto do Rio, impulsionando a urbanização e a integração das regiões produtoras.

A PRIMEIRA ESTRADA DE FERRO

A construção da Estrada de Ferro Mauá enfrentou diversos desafios, desde a importação de materiais e locomotivas da Inglaterra até a necessidade de escavação de túneis e construção de pontes em terrenos acidentados da Serra dos Órgãos. Para financiar a obra, Mauá utilizou recursos próprios e contraiu empréstimos com bancos ingleses. A mão de obra era composta por cerca de 2 mil trabalhadores, divididos entre escravos, libertos e imigrantes europeus, principalmente alemães e italianos. As condições de trabalho eram precárias, com longas jornadas e altos índices de acidentes.

Durante a República Velha (1889-1930), a expansão da malha ferroviária continuou, impulsionada pela política de “encilhamento”. O governo concedia subsídios para a construção de ferrovias, visando a integrar o país e estimular o desenvolvimento econômico. Ferrovias como a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, construída em meio à selva amazônica, marcaram esse período.

EM CRUZ DAS ALMAS

Segundo o site especializado www.estacoesferroviarias.com.br, há 142 anos foi aberta a Estação de Pombal pela E. F. Central da Bahia no km 158 da sua linha principal e inaugurada em 23 de dezembro de 1881.

A Estação de Pombal, que mais tarde teve o nome alterado para Cruz das Almas, ficava a 6 km do centro do município de Cruz das Almas. Moradores mais antigos da região dizem que por esta estação havia uma grande movimentação de passageiros e, até os anos de 1970, recebia muito cimento vindo de Minas Gerais.
A Estação de Pombal (ou o que resta da sua estrutura) fica na região próxima da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia-UFRB, antiga Escola de Agronomia da Bahia. Situava-se, também, na antiga entrada rodoviária da cidade.

A partir de 1970, a lista de estações no Guia Levi já não mostra a Estação de Cruz das Almas, mas sim uma estação chamada Eng. Eurico Macedo, que é a mesma. A falta de documentação não permite a confirmação, mas o prédio sugere ter passado por alguma reforma pois tem arquitetura dos anos 1930 e o fato de ter sido construída uma nova estação mais próxima à cidade também com o nome da cidade (ramal Cruz das Almas, que ligava até Conceição do Almeida, na linha de Santo Antonio de Jesus, aberta em 1958 e erradicada em 1964, mas que nunca funcionou na prática) corroboram tal informação.

A ferrovia, também conhecida como linha de trem ou estrada de ferro, representou um importante marco para o desenvolvimento socioeconômico nacional. Sua incorporação no território ainda no século XIX, permitiu a formação e expansão de cidades. E em Cruz das Almas, provavelmente, não deve ter sido diferente. No entanto…

Pouco ou nada se sabe sobre a história da Estação de Pombal ou da Estação Manoel Vitorino, ambas localizadas em Cruz das Almas, já nos idos de 1881. Qual a importância que tiveram para o nosso desenvolvimento demográfico, social e econômico? Que legado recebemos (ou perdemos) sediando este Patrimônio Ferroviário em nosso município? Que maravilha seria se conseguíssemos fotografias, mapas, documentos, depoimentos e várias outras informações inéditas, que trouxessem respostas a estas questões!

Edisandro Barbosa Bingre

Edisandro Barbosa Bingre é professor, escritor, cerimonialista e pesquisador memorialista de Cruz das Almas. Ele é membro da Academia Cruzalmense de Letras e destaca-se por seu trabalho com o "Almanaque Cruzalmense", onde documenta e preserva a história e a memória cultural da cidade. Bingre é reconhecido por suas contribuições literárias e históricas, trazendo à tona fatos importantes e curiosidades sobre a região, além de ser uma figura ativa na comunidade intelectual de Cruz das Almas​. No ano de 2020 recebeu o Título de Cidadão Cruzalmense outorgado pela Câmara de Vereadores de Cruz das Almas.

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Um Comentário

  1. Parabéns pelo site!! Muito legal mesmo.

    Morei na rua da mata muito tempo e na minha infância lembro-me de ter ido nessa região da antiga estação tomar banho nuns rios que tinham por aí. Se não me engano um deles chama-se “Pedreira” e tinha um outro que o pessoal chamava de “prainha” (acho até que eram o mesmo rio). O curioso da pedreira é que existia uma pedra que surgia quando as águas baixavam e um buraco com formato de uma pata de um animal grande(provável que seja algum dinossauro que viveu na região).

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