Os acervos privados, da mesma forma que os documentos produzidos pelos poderes públicos, compõem relevante tema de estudos para a arquivologia e a história ao se manifestarem como elementos significativos nos processos de construção de memórias, identidades e histórias individuais e coletivas, assumindo traços de patrimônio documental. A isso, soma-se que os documentos privados na dimensão patrimonial conferem um reconhecimento de valor a algo, e isso, especialmente no âmbito local, é permeado por disputas e tensões mais diretas que, em muitos casos, se limitam ao domínio e ao acesso restrito de pessoas consideradas “guardiãs da memória”. Considera-se ainda que, distante dos grandes centros urbanos, a existência de arquivos públicos seja reduzida, o que demonstra grande pulverização de custódia documental em espaços diversos, desde institutos históricos, bibliotecas locais, museus, entre outros. Além dessa dispersão, ocorre um baixo estímulo para entrega ou direcionamento dos acervos de documentação privada aos espaços existentes. Assim, os processos que envolvem os arquivos privados ‒ produção/acumulação, tratamento, aquisição, disponibilização, conservação e usos ‒ são permeados por diferentes demandas memoriais e configuram-se como processos políticos.
(Leia mais na Revista Acervo Volume 37, n. 1.)