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O BAIRRO ESTRADA DE FERRO: O NOME, A LENDA.

Sabe por que o bairro Estrada de Ferro tem este nome se, por lá, não passa e nem nunca passou nenhuma estrada de ferro? Senta que lá vem história…

Lá ainda no século XIX, para que a Rede Ferroviária pudesse dar prosseguimento à instalação dos seus trilhos, principalmente nas terras do Recôncavo Baiano, foram necessárias algumas negociações para agradar os poderes público e privado. Em Cruz das Almas, por exemplo, chefes do poder à época eram fazendeiros senhores de engenho que tinham forte influência nas decisões políticas, econômicas e no direcionamento da cidade. E estas negociações, inclusive, acabavam influenciando na geografia da região e da cidade.
Reza uma lenda popular que, originalmente, o projeto era para que a linha do trem passasse na localidade hoje chamada Rua Rio Branco, onde havia um grande canavial e, cujo proprietário não autorizou por ali a passagem da referida linha, impedindo assim a instalação do trecho da estrada ferroviária pelo centro da cidade.

Há ainda uma versão contada pelo memorialista Alino Mata Santana, que conta ter havido, sim, uma mudança do projeto original, mas em decorrência do poder político do Senador Themístocles, político influente, que residia naquela área e quando soube que o trem passaria por ali, dirigiu-se pessoalmente até o Rio de Janeiro, a capital, para comunicar à companhia ferroviária a respeito da sua proibição quanto a passagem da linha do trem pelo centro da cidade, alegando que a mesma traria incômodo para o seu descanso, deixando de fazer suas “sestas” depois do almoço por causa do barulho do trem. Assim, graças a intervenção do político, o projeto de passar pelo centro da cidade teria sido mudado, para passar próximo a divisa com o Município de Muritiba, margeando o Rio Capivari e restando desta história apenas o nome “bairro da Estrada de Ferro”.

(REF. BIBLIOG.: Nos trilho da cidade: a função social do trem na cidade de Cruz das
Almas (1942 – 1960) / Nilton Antonio Souza dos Santos. – Cruz das Almas – BA, 2009.)

Edisandro Barbosa Bingre

Edisandro Barbosa Bingre é professor, escritor, cerimonialista e pesquisador memorialista de Cruz das Almas. Ele é membro da Academia Cruzalmense de Letras e destaca-se por seu trabalho com o "Almanaque Cruzalmense", onde documenta e preserva a história e a memória cultural da cidade. Bingre é reconhecido por suas contribuições literárias e históricas, trazendo à tona fatos importantes e curiosidades sobre a região, além de ser uma figura ativa na comunidade intelectual de Cruz das Almas​. No ano de 2020 recebeu o Título de Cidadão Cruzalmense outorgado pela Câmara de Vereadores de Cruz das Almas.

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