TENDAS ARTESANAIS: UMA MEMÓRIA AFETIVA
No tocante à memória afetiva da manufatura e do comércio cruzalmense, conta-nos o Dr. Leandro Costa Pinto de Araújo em sua obra NARRATIVAS QUE A MEMÓRIA CONSERVOU, no capítulo “Tendas Artesanais” que, muito antes da industrialização em larga escala, advinda com o progresso das cidades e seu consequente crescimento populacional, os produtos do vestuário masculino e feminino, utensílios domésticos, mobiliários residenciais e ferramentas dc trabalho de um modo geral, eram manufaturados em oficinas artesanais de diversas categorias. Entre os anos 30 e 60 do século passado, funcionavam nos citados ramos de atividades em Cruz das Almas, as seguintes tendas e respectivos profissionais proprietários:
– ALFAIATARIAS: Silvestre Mendes, Mestre Diolino, Simpliciano Leite, Antonio de Zizina, Firmino Sacramento, Manoel Barbosa, Davino, Mestre Bio, Paulo Bambá, Zé de Leôncio e outros;
– SAPATARIAS: Júlio da Silva, Cula, Claudino, Vadengue, Santo Bessa, Balougo e outros;
– MARCENARIAS: os Irmãos Mario, Maneca e Autinho da Silva, Tiago Ribeiro, Mestre Félix, Jayme Bastos e José Maia, sendo os dois últimos, especialistas em confecção de esquifes funerários;
– SERRALHERIAS: Matildes Costa, Maurílio Azevedo, Manoel Azevedo (Neneu), Chico Dinamite c outros;
– FUNILARIAS: Capeta, Alfredo Caneco dc Ouro, Zome e outros.
Destaca ainda, o ilustre memorialista, que a confecção de roupas masculinas era manufaturada quase exclusivamente por alfaiates, com exceção de algumas peças como camisas e cuecas que eram costuradas por mulheres. Dona Guilhermina Ferreira era a única costureira que confeccionava calça masculina.
– COSTUREIRAS ou MODISTAS: Apesar do memorialista não ter elencado no seu artigo um outro ofício muito em voga à época, talvez porque o foco fosse especificamente sobre as tendas artesanais, não temos como não lembrar delas, cujo tópico já merece uma postagem com edição especial! Não tinham tendas no comércio e, geralmente, atendiam em suas residências, mas eram as responsáveis por fazer os mais belos vestidos, desde os de ir à missa até os glamourosos vestidos de noivas, madrinhas, debutantes e todos os demais trajes sociais femininos.
Lembramos de nomes como D. Lourdes, mãe de Hermes Peixoto, que na década de 50, além de costurar tinha uma Escola de Corte e Costura, formou muitas costureiras e tinha até festa na entrega de diplomas e até quadro com fotos das formandas. Depois ela veio a ser fotógrafa com estúdio na Avenida Alberto Passos.
Além de muitas outras talentosas e afamadas costureiras como D. Madalena conhecida como Dinha, Regina de Tóte, D. Creme, D. Senhora na Rua das Poções, D. Dalva, Zelita, D. Maria Moura, Nilzete da Praça, D. Lozinha, Dona Amanda, Dona Dalva, D. Tidinha, D. Raimunda Sardinha…
Na rua da Estação, as mais antigas, D. Loura de Aurino, D. Loura de Permínio, D. Herminia (costumava até paletó). Havia também Dete filha de Pascoal, Maria que ministrava curso de Corte e Costura numa oficina bem no início da rua da Vitória, Clarice Gomes de Souza e tantas outras!