Você sabia que Cruz das Almas, conhecida e lembrada por sua produção de fumo, laranja e mandioca, já foi também uma importante produtora de café?
Sim, há registros antigos de senhores de engenho do Recôncavo que produziam café. Entre eles estava Manoel Caetano de Oliveira Passos que, em 1873, mantinha 73 escravos em seu Engenho Rio da Areia, em Cruz das Almas, uma freguesia ainda pertencente do Município de Cachoeira. Aqueles escravos trabalhavam não só nos canaviais, como também em um cafezal de 5000 pés que Passos mandou plantar numa fazenda anexa ao engenho” (BARICKMAN, 1998).
Outro grande produtor de café foi o Coronel José Batista da Fonseca, proprietário da Fazenda Itapicuru. Já Crisógno José Fernandes, que além de prefeito nomeado de Cruz das Almas na década de 30, foi também um grande produtor de café, inclusive chegando a conquistar medalha de ouro numa Exposição Internacional da Filadélfia, nos Estados Unidos da América, com um tipo de café que, após o concurso, foi vendido para vários lugares do país e do mundo com o nome de “café indígena”.
Cruz das Almas e adjacências produziam principalmente o café arábica, café nacional, que era comercializado em arrobas, chegando à exportação em grande escala. Mas, infelizmente, conforme registros agrônomicos, lá na década de 60 houve a ocorrência de uma doença fúngica – a ferrugem do cafeeiro, que veio a comprometer em muito a produção de café e se alastrou pelo Brasil. O IBC – Instituto Brasileiro do Café, chegou a desenvolver novas variedades de cafeeiros mais produtivos, exigentes em altitude mínima de 700m, mas estas também mostraram-se susceptíveis à ferrugem. A solução foi um plano de erradicação dos cafeeiros nacionais.
Apesar do posterior incentivo para o plantio de outras variedades mais resistentes (como bourbon, catuaí vermelho, catuaí amarelo, mundo novo e outras), da efetiva assistência técnica para o controle e prevenção a pragas e doenças nos plantios novos, Cruz das Almas e região parecem ter optado definitivamente por outras culturas.
