O NOSSO SÍTIO ARQUEOLÓGICO (Parte I)
Nas localidades Baixa da Linha e Vila Guaxinim é possível encontrarmos o Sítio Arqueológico Reitoria (RT), registrado no Mapeamento de Sítios Arqueológicos de Cachoeira e São Félix, um trabalho científico coordenado pelo prof. Henry Luydy Abraham Fernandes, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, entre os anos de 2008 e 2012.
Moradores da região relatam que, desde os anos 80, já eram encontrados os primeiros indícios da presença de uma ocupação muito antiga, provavelmente uma grande aldeia indígena: eram grandes potes de barro enterrados no chão.
Após a análise dos arqueólogos, verificou-se tratar-se de artefatos com, pelo menos, 600 anos de existência; ou seja, antecediam ao descobrimento do Brasil.
Além dos vários fragmentos de cerâmica e lascas de pedras encontrados, o mais instigante eram os grandes potes. Segundo o prof. Abraham Fernandes, as estruturas encontradas correspondem possivelmente às antigas sepulturas de povos indígenas que há muito já desapareceram e que enterravam os seus mortos em grandes potes de cerâmica. Desta forma, estes potes de barro podem ser urnas funerárias que contêm em seu interior o esqueleto e, talvez, alguns objetos, pertences de mortos da aldeia.
Por conta disso, infelizmente, muitos potes foram procurados e encontrados por pessoas comuns, devido a lenda popular de que podiam encontrar tesouros nestes potes. Tal crendice fez com que muitas urnas fossem roubadas e destruídas, o que acabou impedindo o avanço das pesquisas arqueológicas.
Até o momento, o que se tem de recuperado do sítio arqueológico é uma urna parcialmente restaurada (foto) e vários fragmentos de outras urnas que encontram-se na sede da Associação Comunitária. Parece pouca coisa mas, estas peças que os arqueólogos classificaram como um acervo parte da cultura material da Tradição Aratu, cujos produtores eram populações que ocuparam a Bahia por 500 anos, do século IX ao XIV e representam uma prova proeminente de que moradores já estavam aqui, nestas terras, bem antes da chegada de famílias portuguesas colonizadoras.
(Foto: André de Jesus)