JOEL DE ALMEIDA, UM CINEASTA CRUZALMENSE
Você sabia que um dos mais importantes cineastas baianos é cruzalmense?
Sim, estamos falando de Joel de Almeida, que tem uma longa trajetória com o cinema baiano.
Nascido na cidade de Cruz das Almas, em 1954, Joel é Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal da Bahia, com especialidade em História Social e Política do Brasil com o trabalho “Roberto Pires e o Ciclo de Cinema da Bahia”; e especialista em História Social e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, com o trabalho de pesquisa intitulado “O Ator Negro no Contexto do Ciclo Baiano de Cinema” pela Faculdade da Cidade do Salvador.
“Desde 1979, ano em que ingressei na Universidade Federal da Bahia como estudante, estabeleci uma espécie de interdependência entre a História e o Audiovisual. Enquanto estava no curso, também me dediquei a diversas atividades da cultura cinematográfica. Virei um cineclubista. Exibimos filmes do movimento do Cinema Novo Brasileiro, dos movimentos do Neorrealismo italiano, Nouvelle Vague francês e o Novo Cinema Alemão, este último, apoiado pela cinemateca do Instituto Cultural Brasil-Alemanha [ICBA] em Salvador, conta Joel.
O cineclube ficava localizado no Restaurante Universitário da UFBa, onde funciona até hoje a Residência Universitária 1, no Corredor da Vitória. “Foi uma das minhas escolas e durou um pouco mais de 3 anos. O cineclubismo no período da abertura política no Brasil foi um movimento vigoroso, uma metodologia de conscientização política que alimentava as organizações sociais e trabalhávamos em defesa da reconstrução da democracia”, declara o cineasta.
Joel também acompanhou e participou durante todos esses anos em Salvador, de um dos festivais de cinema mais antigos e importantes do Brasil, a Jornada Internacional de Cinema da Bahia, que acontecia anualmente nos meses de setembro. A primeira edição ocorreu em 1972, e a última em 2011, coordenada pelo professor da UFBA e cineasta Guido Araújo.
E entre os anos de 2002/2012, vivenciou uma experiência como curador juntamente com o fotógrafo Lúcio Mendes, do projeto Quartas Baianas, que exibiu filmes baianos no mais antigo e tradicional cinema de arte da Bahia, a Sala Walter da Silveira.
Produção cinematográfica
Dentre os filmes em destaque de sua extensa filmografia, está o de 1994/98 Penitência, curta integrante do longa metragem Os Sete Sacramentos de Canudos, filme produzido pela ZDF Canal 2 de Televisão da Alemanha e ART, TV francesa.
Penitência foi vencedor do prêmio de Melhor Vídeo e Melhor Direção no VIII Cine Ceará; Melhor Vídeo do Festival dos Festivais no III Festival de Curitiba; Melhor Direção no III Vídeo Terra de Brasília; Prêmio Quanta e Melhor Produção Baiana (Prêmio Diomedes Gramacho) na XXV Jornada Internacional do Cinema e Vídeo da Bahia; além da Menção Honrosa na Mostra do Filme Livre 2005.
Em 2010, foi um dos curadores da seleção de filmes que compôs o Box em homenagem ao Centenário de Cinema Baiano lançado pela Secretaria de Cultura do Estado em parceria com a Cinemateca do Ministério da Cultura.
Já em 2013, lançou o filme Cuíca de Santo Amaro, êle o tal, documentário de longa-metragem, em parceria com Josias Pires, resultado do Prêmio Nacional promovido pela PETROBRAS 2006, e que mostra a vida e a obra do grande trovador popular baiano José Gomes, o Cuíca de Santo Amaro. O filme passou por diversos festivais no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Luanda (Angola), Ilhéus, Cachoeira, e ainda teve exibição em Universidades e Escolas do segundo grau em 35 cidades do interior baiano.
Joel de Almeida ainda foi realizador dos filmes Vento Leste (2010), ganhador do Tatu de Ouro na XXXIX Jornada Intenacional de Cinema da Bahia; Penitentes do Médio São Francisco (2003), Hansen Bahia (2003), Calunbis, Pífanos e Zabumbas (2002), Resistência do Sonho 1 (em 1996) e 2 (em 2001), e Preto no Branco (1999).
Em 2019 iniciaram as filmagens do novo documentário de longa-metragem Maré Vazante. O filme está em produção e é patrocinado pela Ancine e Irdeb, com produção da Caranguejeiras Filmes, sobre a memória dos mestres saveiristas da Baía de Todos os Santos e suas clássicas embarcações.
Valorização da cultura e da arte
Sobre a sua atuação na valorização do audiovisual, Joel Almeida revela: “Venho militando como quadro em diretorias ou associado, em todas entidades de classe que foram criadas como instrumento de defesa e ações do audiovisual na Bahia por todas essas décadas. Em paralelo, venho trabalhando também como pesquisador e professor de história. O que consegui realizar até agora como cineasta, está diretamente relacionado a minha vida com a militância, com a Academia, e sempre em defesa da memória, da Justiça Social, dos Direitos Humanos, da valorização da cultura e da arte como algo que nos distingue e nos engrandece como ser civilizado”, finaliza o cineasta.
Foto: Arquivo Pessoal no Facebook
Fonte: http://www.fundacaocultural.ba.gov.br/2020/07/14339/PerfilDasArtes-Com-uma-filmografia-extensa-Joel-Almeida-une-a-Historia-e-a-Educacao-ao-Audiovisual.html