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SERVIÇO DE SOM DE ALTO-FALANTE: NA FORÇA DA TRADIÇÃO

Mesmo com a modernidade da comunicação e de seus avançados recursos tecnológicos como a Internet, televisão, rádio, jornais e panfletos informativos, os serviços de alto-falante, fixo e volante, ainda resistem em municípios de pequeno porte e até em cidades como Cruz das Almas, com mais de 70 mil habitantes. É uma tradição fundamentada na oralidade e nos valores culturais da sociedade que ainda resiste ao tempo.

No serviço fixo, o seu conteúdo, geralmente, se baseia na divulgação do noticiário local, numa programação musical bem popular, no calendário de festas religiosas, nos anúncios de utilidade pública, de extravio de documentos e na propaganda comercial. Já o serviço volante, conhecido como carro de som, é sem dúvida a mais eficaz, além de barata, fonte de informação na divulgação de promoções do comércio local e, principalmente, de notas de falecimento da cidade.

Aliás, o Serviço de Alto-Falante aqui é tão importante que em 2010 a Rede Lider de Publicidade, fundado por Silvestre Caldas, recebeu da Câmara de Vereadores o certificado de Patrimônio Cultural do Município.

No Brasil, o alto-falante foi utilizado pela primeira vez no Rio de Janeiro durante um evento comemorativo do centenário da Independência da República em 7 de setembro de 1922, o que impressionou os participantes da festa. A partir de então se popularizou no restante do País, principalmente nas cidades de interior.

Aqui em Cruz, como conta-nos Renato Passos da Silva Pinto Filho, que lá pelos idos de 1930, “no fim do dia ouvindo a Ave-Maria através das onze bocas do Serviço de Alto-Falantes Tamandaré, em pura alta fidelidade, a atual voz da cidade, distribuídas nas principais ruas e pontos estratégicos a zumbir, para melhor se fazer ouvir”. Antes do Serviço de Alto-Falante Tamandaré, houve também o estúdio onde trabalhava o Picopeu, locutor de categoria; e, depois na década de 50, a voz da cidade era falada pelo serviço de alto-falantes de Zete, filho de seu Artur Martins, através dos Alto-falantes da Continental.

Com o advento do rádio, a sua influência foi sendo reduzida, mas persistiu em pequenas comunidades, sempre voltado para a prestação de serviço. Mas até em Cruz das Almas, uma cidade universitária de porte médio, a tradição ainda é mantida. Observa-se ainda que, além do sistema fixo em pontos específicos no Centro da cidade, também existe o sistema volante; mesmo existindo emissoras de rádio AM e FM, a população ainda se informa das notas de falecimento através da veiculação de carro de som. A voz pausada, com uma ótima entonação, o carro de som percorrendo as ruas dos bairros nos arredores da localidade da família e de onde residia o falecido.

Ambos os serviços, fixo e volante, contaram ao longo dos anos com muitos locutores que, alguns deles, depois seguiram carreira no rádio. Como não lembrar de Zete da Continental, de Honorato Azevedo da Voz do Planalto, de Silvestre Caldas da Rede Líder, de Hermes Peixoto, de J.Silvão, de Rei Cônsul, de Olivaldo Oliveira, de Pedro Itatiaia, de Amaral…

Já da geração jovem de locutores, que formaram-se nestes veículos de comunicação, podemos destacar as vozes marcantes de Silvio Caldas, de Meire Khal, de Celso Oliveira, de Edy Júnior, de Joelson Paz, Almir Conceição , Oton Silva, dentre outros.

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