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ANDRÉ PEIXOTO, O SENHOR DOS CORDÉIS

Na zona rural de Cruz das Almas, na bucólica localidade do Araçá, nasceu André Antônio Peixoto, no dia 30 de novembro de 1908. Filho de Clementina Romualda de Souza e Romão Antônio Peixoto, André cresceu aprendendo desde cedo o ofício da agricultura. Até os quinze anos, trabalhou arduamente na roça, suas mãos calejadas pelo trabalho honesto e o suor derramado sobre a terra fértil que o alimentava.

Em 1923, André, então com apenas quinze anos, decidiu aventurar-se além dos horizontes do Araçá. Partiu para Salvador, a grande capital, em busca de novas oportunidades. A cidade, com suas ruas movimentadas e o ritmo frenético, era um contraste marcante com a tranquilidade de sua terra natal. Quatro anos depois, em 1927, o destino trouxe André de volta a Cruz das Almas, onde sua jornada tomaria novos rumos.

Foi em 1939 que André Peixoto encontrou um novo caminho profissional na Escola de Agronomia, uma instituição que se tornaria parte integral de sua vida. Inicialmente, trabalhou para a firma de construção responsável pelas obras no campus. Com o tempo, tornou-se funcionário da Escola de Agronomia da Bahia (EAB), onde se dedicou à função de pintor. Pintando paredes, André Peixoto não apenas embelezava o ambiente, mas também marcava sua presença duradoura naquela instituição. Trabalhou ali com diligência e zelo até se aposentar, em 1983.

Já aposentado, André Peixoto encontrou uma nova paixão: a literatura de cordel. Na feira livre de Cruz das Almas, próximo ao Mercado Municipal, montou uma barraquinha onde vendia livros de cordel de diversos autores, além de suas próprias criações. Em meio ao movimento da feira, sua barraquinha era um oásis de cultura popular, onde suas rimas encantavam os passantes e preservavam as tradições nordestinas.

Os versos que André propagava falavam de temas variados: a vida no campo, lendas, causos e personagens típicos da região. Ele encantava o imaginário das pessoas com seu talento notável, conquistando a admiração de todas as pessoas que tinham o prazer de ouvir as suas histórias rimadas.

Em maio de 1994, aos 85 anos, André Antônio Peixoto deixou este mundo. Seu legado, contudo, perdura nas memórias daqueles que tiveram a honra de conhecê-lo. Ele foi mais do que um agricultor, pintor e vendedor de livros; foi um verdadeiro guardião da cultura popular, um contador de histórias cuja vida, simples e rica em experiências, se transformou em versos que ecoam até hoje.

André Peixoto vive em cada verso, em cada rima, e em cada coração que se deixa tocar pela beleza de sua arte.

(IMAGEM: Jornal O Nacionalista, de 5 de abril de 1959 – acervo de Hermes Peixoto Santos Filho)

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