MARINHEIRO ESTEVAM BARBOSA ALVES
Estevam Barbosa Alves era cruzalmense, filho de João Xavier Alves e Hercilia Barbosa, nasceu em 02 de setembro de 1922. Segundo o memorialista Prof. Manoelito Roque Sá, era um rapaz de pequena estatura, porém forte, louro e simpático; dono de uma boa voz que gostava de canções de Vicente Celestino, imitando-o com perfeição.
Era muito disposto, alegre e sempre desejoso de estudar. Não vendo outros meios, resolveu ir para a “Marinha do Brasil”, seguindo os passos do seu irmão Antônio, que há um ano antes havia seguido este caminho. Alistou-se então na Escola de Aprendizes de Marinheiro, em Salvador, no dia 01/02/1941, indo para o Rio de Janeiro em 07/01/1942, e lá assentou praça no Corpo do Pessoal Subalterno da Armada, como Grumete, em 02/07/1942, passando a servir a bordo do Navio Auxiliar Vital de Oliveira. Cursou a especialidade de Máquinas Auxiliares, tendo concluido com bom aproveitamento em 01/09/1943, data em que foi promovido a Marinheiro de 2a classe, em 15/06/1944 foi elevado a Marinheiro de 1a classe, mediante aprovação em exames de habilitação e continuando no NA Vital de Oliveira.
Após uma série de viagens, transportava para Recife as guarnições do Contra Torpedeiros Bertioga e, no regresso, dia 19 de julho de 1944, às 23h45m o NA Vital de Oliveira foi torpedeado por um submarino alemão U861, comandado pelo Capitão de Corveta Jurgen Osten a 25 milhas ao largo do Cabo de São Tomé. O torpedo atingiu-o à popa e o fez soçobrar em três minutos. O Capitão de Fragata João Baptista de Medeiros Guimarães Roxo, comandante e a tripulação demonstraram no abandono do navio muita calma e disciplina. Pereceram 100 homens, dentre estes, três oficiais subalternos três suboficiais; dezesseis sargentos; quinze cabos; nove primeiras classes; vinte e cinco segundas-classe; dez grumetes; 11 taifeiros, seis fuzileiros navais e um menor passageiro. Dentre eles, estava o cruzalmense Marinheiro Estevam Barbosa Alves, que assim desapareceu para sempre, morrendo em ação, durante o serviço militar, conforme registra o boletim do Ministério da Marinha, publicado no Diário Oficial a 10 de agosto de 1944:
“…Pereceram no cumprimento do dever, por ocasião dos afundamentos dos navios Vital de Oliveira e Camaquã, os Oficiais Suboficiais, Sargentos e Praças…”.
Como homenagem, o Marinheiro Estevam Barbosa Alves foi promovido, post-mortem, ao posto de 1° Sargento. E, em 29 de Julho de 1995, o então prefeito de Cruz das Almas, que era seu irmão, Carmelito Barbosa Alves, por ocasião das comemorações do aniversário de Emancipação Política do município, entregou à comunidade um busto em bronze do ilustre cidadão que perdeu a sua vida servindo à Pátria. O monumento foi colocado na Praça que leva o seu nome, localizada na Rua José da Rocha Passos (Rua da Jurema).
Há ainda em Salvador uma rua com o seu nome, localizada no bairro Castelo Branco e que, certamente, trata-se também de homenagem ao mesmo marinheiro cruzalmense.
Embora Estevam Barbosa não tenha integrado a FEB e não tenha de fato lutado na Grande Guerra, mas morreu em função dela e, por isso, é considerado um herói de guerra. Segundo relatos do próprio Exército Brasileiro, a reação ao afundamento de embarcações brasileiras pelos alemães ainda em nossa costa foi o que precipitou a entrada do Brasil na Guerra. A inicial aparente neutralidade deu lugar a uma campanha intensa e, até certo ponto, desacreditada. Dizia-se que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil enviar suas tropas, o que levou à criação da expressão “a cobra vai fumar” quando, finalmente, a FEB desembarcou na Itália, em 1944.