ARRAIÁ DO LARANJÁ: O COMEÇO DE UM NOVO CICLO DE FESTAS JUNINAS.
Em 1989, na administração do prefeito Lourival José dos Santos (de 1989 a 1992), iniciou-se o ciclo de festas juninas urbanas espetaculares em Cruz das Almas, com a realização do chamado “Arraiá do Laranjá”. A temática da festa se deve ao processo de citriculturalização do espaço agrário do município no período pós-crise fumageira. Na composição estética do espaço festivo, procurou-se destacar uma suposta nucleação urbana imersa em um mundo rural, prática recorrente nas festividades do ciclo junino na atualidade.
Nessa primeira experiência de festa junina concentrada na praça do Parque Sumaúma, o evento teve uma dimensão espacial reduzida e ainda muito simples(…), a Praça do Parque Sumaúma estava envolta de áreas livres de edificação e o largo, pouco utilizado pela população, estava encoberto com gramíneas. Edificou-se no centro da praça uma casa de taipa típica como marco inicial das festas juninas concentradas de Cruz das Almas, buscando-se ambientar esteticamente o espaço como um simulacro de área rural tradicional do Nordeste brasileiro. Na concepção dos organizadores do evento festivo, o casebre de sopapo estaria envolto de uma simbologia, através da qual se fazia uma ponte entre o passado predominantemente rural das festividades do período junino, que progressivamente eram cooptadas pelo espaço urbano.
Com a consolidação do caráter espetacular da festa, montou-se um palco maior, com a frente voltada para as principais vias de canalização do fluxo de foliões juninos, o que significou uma mudança na dimensão escalar do evento festivo, que passou, aos poucos, a apresentar um raio de abrangência regional.
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Considerando-se, então, a cronologia gestionária em Cruz das Almas, pode-se afirmar que as festas juninas na Praça do Parque Sumaúma iniciaram-se a partir de 1989 como uma iniciativa do prefeito Lourival José dos Santos e que foi mantida pelo seu sucessor, Carmelito Barbosa Alves (1993-1996), que mudou o nome do evento para “Forró na morá”, como estratégia de criar uma nova identidade vernacular a uma experiência festiva urbana que se mostrava exitosa.
O prefeito Raimundo Jean Cavalcante (1997-2004) se preocupou mais em potencializar a espetacularização e midiatização da festa.
O prefeito Orlando Peixoto Filho (2005-2012) manteve a estrutura de espetacularidade, mas procurou introduzir elementos, como uma cidade cenográfica, e elegeu como tema da festa o “Arraiá da Cultura Popular”. Procurou-se valorizar manifestações culturais locais no contexto da megafesta junina e descentralizou-se o espaço de deflagração festiva, montando-se um palco com apresentações na então recém inaugurada Praça Multiuso, na entrada cidade.
O Arraiá do Laranjinha
Na festa junina de Cruz das Almas tem “arraiá” para adultos e crianças. O espaço destinado aos pequeninos, na verdade um projeto pedagógico também criado em 1989, foi batizado de “Arraiá do Laranjinha”, coordenado pela então Secretária de Educação Paulina Teixeira. É um espaço de cunho lúdico e didático onde as crianças podem curtir o som do forró, apresentações de quadrilhas e feirinha de artesanato e guloseimas típicas que também agrada aos pais.
Nota-se, portanto, que houve progressivamente uma ampliação espacial da festa.
Desde 2022, a festa de São João promovida pela prefeitura de Cruz das Almas, o chamado Arraiá, acontece no Espaço Gonzagão, na área da antiga Estação de trem, próximo à Praça da Juventude.
(FONTES: CASTRO, JRB. Da casa à praça pública: a espetacularização das festas juninas no espaço urbano. Salvador: EDUFBA, 2012, 342p. ; NOTAS DO EDITOR DESTE BLOG)