GALENO D’AVELÍRIO, NOSSO POETA MAIOR.
Agnelo Gonçalves de Oliveira, o Galeno D’Avelírio poeta, orador, cronista, teatrólogo e jornalista, cruzalmense, nasceu na fazenda situada na Ladeira Bonita em 14 de dezembro de 1892 e casou-se com a também cruzalmense Anita Gonçalves da Silva em 1917. Não teve filhos, mas criou várias sobrinhas, destacando-se entre elas, por ter vivido mais tempo com o casal, Diva Gonçalves Rocha.
Fez o curso primário com o Professor Mata Pereira, com quem destacava-se como aluno. Após o curso primário, como não havia ginásio em Cruz das Almas, seguiu para Salvador a fim de tentar os estudos e trabalhos. Já nessa época, era um ávido leitor. Mas devido às dificuldades financeiras para manter-se na capital, teve que voltar para Cruz das Almas e passou a morar na Rua da Vitória. Ali começou a trabalhar com Artur Silveira na compra de fumo em folha para posterior venda aos enfardadores e armazéns de fumo para charuto. Em consequência dessa nova atividade e de seu desenvolvimento neste ramo de negócio, teve de mudar-se de sua terra natal, em busca de uma melhor colocação e por causa de uma oportunidade que surgira. Um tio de sua mulher, que era grande enfardador de fumo na cidade de Sapeaçu, chamado Elpídio Batista Magalhães, mandou-o para a cidade de Rui Barbosa para lá trabalhar.
Cabe aqui um pequeno, mas valioso, parêntese para transcrever as palavras de Galeno referindo-se ao deixar Cruz das Almas, sua terra amada:
“Raia a manhã exuberante de luz, vivificadora e alegre…
Um auto fonfona à porta, roquenho e impertinente
é que vou deixar Cruz das Almas, a terra querida do meu berço
em demanda de outras plagas amigas
embora, porém menos queridas que as da terra onde nasci,
esse ninho que me aquece nas geadas da vida…”
Lá no sertão, Agnelo abriu um armazém de “secos e molhados” que também era um ponto de compra de fumo. Periodicamente, o resultado de suas compras de fumo era transportado de trem para Sapeaçu, onde seu Elpídio enfardava o fumo para os grandes armazéns e exportação.
Mas, o negócio de fumo nunca foi o seu forte; queria sair dele.
Finalmente, surgiu o Cartório de Feitos Cíveis e Criminais que Agnelo comprou, lutando muito a seguir para se efetivar no cargo. Trabalhou no cartório por vinte e oito anos, aposentando-se em 1946, dois anos depois de uma lei de Getúlio Vargas que lhe permitiu aposentar devido a doença de que foi acometido, ainda que não tendo tempo suficiente para aposentadoria. Mesmo após a aposentadoria, permaneceu em Rui Barbosa por mais sete anos, isto é, até 1953, esperando que sua esposa também se aposentasse, pois ela era escrivã do Juri e das Execuções Criminais, naquela mesma cidade.
Galeno D’Avelírio era também um político fervoroso. Membro do antigo PSD de Rui Barbosa. Formou, ao lado de Cícero Alencar, um dos maiores caciques políticos do interior baiano. Em Castro Alves, formava com outro grande líder, que foi Rafael Jambeiro, também do PSD. Em Cruz das Almas, participou de várias campanhas políticas, pelo mesmo Partido, porém sem nunca ter se candidatado a cargo eletivo.
Como jornalista, foi figura sempre presente nas páginas do jornal Nossa Terra, em Cruz das Almas; O Castroalvense, em Castro Alves; e O Itaberaba, em Itaberaba. Colaborou ainda, através de crônicas e poesias, para os seguintes jornais: Diário de Notícias (Salvador), A Palavra (Rui Barbosa), O Eco (Juazeiro), O Rádio (Jaguaquara), O Paládio (Santo Antonio de Jesus), A Verdade (S.Gonçalo dos Campos), O Correio (São Félix), O Pequeno Jornal (Cachoeira); O Juazeiro (Juazeiro), A Razão (Jaguaquara), dentre outros.
Ainda como jornalista, editou o O Serventuário da Justiça, órgão de defesa da classe dos serventuários da Justiça, de onde partiram reivindicações que, após atendidas, representaram grande progresso para a classe, da qual ele também fazia parte.
Mantinha estreita amizade com os poetas baianos de sua época, entre os quais destacamos Pedro Barros e Carlos Chiacchio.
Geralmente como acontece com os gênios, foi também marcado pela fatalidade, pois, ainda jovem, foi acometido de um derrame que o deixou paralisado de um lado do corpo. Instalada a doença, não se acomodou; pelo contrário, fez muitos tratamentos em Salvador com vários médicos. Mas, o que foi mais importante, é que em nada foi afetado o seu cérebro; tanto assim que até o fim da vida permaneceu com sua inteligência brilhante a premiar todos aqueles que tiveram a felicidade de conviver com ele, ou que granjearam a ventura de ler suas obras, muitas inéditas.
Veio a falecer na casa de nº 522 da Praça Senador Temístocles (Praça da Matriz), em sua querida Cruz das Almas, vitimado por um câncer da carótida, no dia 12 de maio de 1955.
Galeno D’Avelírio não deixou nenhum livro publicado, mas suas principais obras poéticas, ainda manuscritas, constam de centenas de poesias reunidas em oito volumes, sendo um intitulado Poemas, outro Versos e os demais são Poemas 1,2,3,4,5 e 6. Tais obras, atualmente, estão sob a guarda da Fundação Cultural que leva o seu nome e, portanto, fazem parte do seu acervo.
(FONTES: LIVRO DO CENTENÁRIO, Alino Matta Santana e FUNDAÇÃO CULTURAL GALENO D’AVELÍRIO)