UM SENTIMENTO, UMA SAUDADE, UMA TRISTEZA.
“No dia 05/02/16 fui ao Banco fazer o recolhimento da contribuição Social das minhas funcionárias domésticas. Ao chegar à Praça Senador Temístocles, antes do sobrado, encontrei uma vaga para estacionar. Grande surpresa encontrar uma vaga na Praça; maior ainda foi a surpresa seguinte, já que eu não passava por ali há algum tempo: Estão demolindo o casarão antigo, n° 580, antiga residência do Sr. Jorge Guerra; quis registrar aquele fato naquele momento e estava sem o celular. Permitam-me um parêntesis, que julgo de ser de suma importância para a narrativa que se segue, porque não sou sociólogo nem historiador, apenas cidadão curioso. Vamos lá: Cruz das Almas é hoje uma cidade importante no Recôncavo baiano, por sediar a UFRB e grande quantidade de Colégios de 2° Grau. Some-se a esses fatores a quantidade de novos moradores que para aqui vieram em função de escolas e do desenvolvimento comercial. Esses novos moradores, raras exceções, nada conhecem da história de Cruz das Almas e nem é sobre ela que vou falar. Vou falar de Jorge Guerra, comerciante, bancário (gerente) e, principalmente político numa época que como hoje, a dignidade vive tão longe da politica. Jorge Guerra era a imagem da seriedade, cidadão probo, educado, não descia à lama em que os adversários políticos queriam lhe levar. Elegeu-se duas vezes Prefeito Municipal sustentado fogo contra o próprio Governo do Estado e seus asseclas. Entendam que o meu propósito não é louvar A ou B; é situar cada macaco no seu galho. Eu faria até uma imagem comparativa com o que está acontecendo hoje no Brasil. Todos os adversários querem comer as vísceras da Dilma. A UDN também fazia o mesmo com Jorge Guerra.
Aconteceu 64, perdão por falar 64, e foram encontrar Jorge Guerra prefeito eleito de Cruz das Almas. Não podia ser! Para a UDN Jorge não poderia continuar Prefeito. Confabularam e foram dizer ao Comandante da 6a. Região Militar que Jorge Guerra era comunista. O “Exército” mandou apurar e “constatou” que Jorge era mesmo comunista. Veio numa Delegação com reforço de patrulhamento cruz-almense e o “Exército” intimou Jorge a renunciar ou ir preso. Ele aceitou ir preso. Tudo isto aconteceu na residência de Jorge Guerra e em presença de amigos e familiares. Dona Isolina Guerra, Primeira Dama do Município, abraçou-se a ele e pediu: “Renuncie, Jorge, você não tem mais saúde para ir preso”. Ele voltou à Comissão e disse: “Ante o apelo da minha esposa assino a renúncia” .
Nota de esclarecimento. O que conto aqui me foi passado por pessoa que presenciou os fatos e merece meu crédito. Na época eu estava no Rio de Janeiro, na BRIZOLÂNDIA sem pensar que já estava tudo tramado e era o capítulo final de 64.” (Texto de ALYRIO MENDES, in Facebook, 11/02/2016)