A MISTERIOSA HISTÓRIA DO PALÁCIO DO CANDEAL
Quem passa pelos arredores da antiga Escola de Agronomia, atual sede da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cruz das Almas, logo se depara com uma construção que, à primeira vista, desperta a curiosidade de muitos. Trata-se de um casarão imponente, envolto em um mistério, conhecido como o Palácio do Candeal. Sua história, porém, vai muito além das paredes que o sustentam. Ele é o reflexo de um tempo em que a cidade começava a se firmar como pólo de desenvolvimento e educação, abrigando a Escola de Agronomia da Bahia.
A lenda mais difundida sobre o Palácio do Candeal remonta ao período da intervenção federal na Bahia, sob o comando do general Renato Onofre de Pinto Aleixo, nomeado interventor do estado. Conta-se que, em uma visita programada à Escola de Agronomia, foi construída nas terras da instituição uma residência de inverno especialmente para receber o general. Essa construção, erguida com o propósito de ser à altura do ilustre hóspede, seria posteriormente batizada de Palácio do Candeal.
O que torna essa história ainda mais interessante é o fato de que, segundo alguns, o casarão poderia ostentar o status de ser um dos palácios oficiais do governo baiano, tal qual o Palácio de Ondina, o Palácio da Aclamação ou até o Palácio Rio Branco. Afirma-se que o interventor teria ficado hospedado por alguns dias no local, chegando até mesmo a despachar documentos e assinar um decreto estadual dali. No entanto, quando consultado sobre o assunto, o Governo do Estado da Bahia não encontrou registros que comprovassem tal versão, transformando o casarão em um enigma histórico.
Independentemente da veracidade dos relatos, o Palácio do Candeal permaneceu como uma referência marcante na paisagem da Escola de Agronomia. Na década de 1960, o prédio servia como alojamento para os pré-vestibulandos que vinham a Cruz das Almas realizar o Exame de Admissão ao curso de Agronomia. Era um tempo em que a cidade fervilhava de jovens estudantes, e o casarão desempenhava um papel crucial nesse cenário educacional.
Atualmente, o casarão já não ostenta o mesmo prestígio de outrora. O tempo passou e, hoje, o Palácio do Candeal está ocupado por quatro ou cinco famílias que dividem o espaço da residência. O outrora majestoso casarão, hoje desprovido do status de “palácio oficial”, permanece como um símbolo da história viva de Cruz das Almas, envolto nas suas narrativas, fatos e lendas que o circundam.